Talvez inovação seja uma das palavras mais discutidas nos últimos tempos. Especialmente pela necessidade de adaptação constante às rápidas transformações impostas pela nova dinâmica e velocidade das mudanças. Mas por onde começar? Como estabelecer um modelo para uma cultura de inovação e criatividade em qualquer ambiente?
Desde o tempo de nossos avós já se dizia que “o mundo está perdido e que as coisas já não são mais como antigamente”. De fato, não estão e jamais serão. Pelo menos, não da mesma forma. O que muda da época deles para nossa? A velocidade desta mudança. Eu mesmo, enquanto escrevo aqui, me pergunto até que ponto terá valor para você e durante quanto tempo será relevante. Mas aqui estou querendo conquistar uns minutinhos de sua atenção.
Ano passado, tive a oportunidade de conhecer a Amazônia. Esta viagem imprimiu em mim um novo olhar e uma nova relação com a natureza. Ao olhar a estrada que cortava a floresta ouvi de um dos guias da expedição: “Uma estrada dessas desmata 50km para cada lado por onde passa”. Fiquei pensando como se dava este desmatamento, como era a perda da floresta e também refletindo sobre o grande número de animais mortos pela estrada por atropelamento.
Considere que o animal terrestre mais rápido do mundo é o guepardo, que vive apenas na África e pode chegar a até 110km/h. Além dele, há o leopardo, capaz de correr a aproximadamente 60km/h. Ou seja, não faz parte da natureza dos animais a noção da velocidade de um carro a 150km/h. Por não compreenderem e não dimensionarem tal velocidade, morrem. Infelizmente neste caso, há o avanço do homem sobre o habitat dos animais. Será que também não “morremos” ao não perceber a velocidade das mudanças em nossas vidas atuais?
O que não conseguimos perceber avançando e quando vemos já passou?
Domenico Demasi, no livro “O Ócio Criativo”, menciona a percepção da mudança de era quando ela conjuga três importantes aspectos das inovações:
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novas fontes energéticas;
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novas divisões de poder;
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e novas divisões do trabalho.
Quando estes três movimentos acontecem de forma simultânea, é possível perceber o salto de época, tal qual vivemos atualmente. Estas rápidas transformações exigem de nós novas tomadas de decisão e, especialmente, uma enorme capacidade de adaptação.
Mudar, muitas vezes é duro e dá trabalho. O ser humano em geral, na busca por conforto, historicamente prefere aquilo que já conhece a ter que lidar com o que é novo. Algumas descobertas e inovações na história, ao primeiro olhar, geraram resistência. Muitas vezes pela descrença na novidade, ou então pela simples escolha em adotar fórmulas ultrapassadas de sucesso.
Em geral, as pessoas preferem a velha zona de conforto. Quantas vezes você já se deparou com ideias brilhantes, mas que ninguém deu valor? Muitas pessoas e empresas perdem a oportunidade de criar algo disruptivo, dar um novo e inusitado rumo à história ou de investir em novos projetos apenas porque não dedicam tempo à inovação.00tura
É sempre a mesma história: “Sempre foi assim” ou “Nós já fazemos assim há anos e já tentamos de tudo”. Ou então: “Isso aí é invenção demais, não é para gente, custa caro”.
Como acompanhar o ritmo?
Em alguns casos, primeiro é preciso despertar a consciência para a necessidade da mudança. Quando passamos a entender que é preciso mudar e transformar, encontrar uma rota passa a ser o segundo passo.
Encontrar a rota, significa escolher como você irá prosseguir em sua jornada de transformação e inovação. É preciso escolher as ferramentas certas, que mais combinam com seu estilo e comportamento, mas principalmente, iniciar esta jornada da inovação o quanto antes. Há algum tempo inovar deixou de ser artigo de luxo para virar item de sobrevivência. Uma mentalidade aberta à inovação pode ser a chave para salvação de empresas, cidades e países.
Perca o medo.
Adotar uma cultura que estimula a inovação através do exercício da criatividade pode ser o caminho. Para estimular as pessoas a serem mais criativas, é preciso saber que errar faz parte do plano. Errar na hora certa! “Treino é treino e jogo é jogo”.
Quando a cultura empresarial enxerga o erro como parte do processo de aprendizado, toma para si a chance de, através da experimentação melhorar produtos e serviços.
O que você está esperando para começar?
A chamada prototipagem permite a “modelação” de soluções criativas até as etapas de análise, validação, feedbacks e lançamento. No universo das startups, o já conhecido conceito de fail fast (falhe rápido) vem ganhando força em grandes empresas.
O objetivo é alcançar a velocidade, fluidez e a praticidade das startups que crescem exponencialmente com a criação de soluções simples para velhos e novos problemas. A receita? Pitadas de criatividade, investimento, alguma tecnologia e coragem para inovar.
Como eu gosto de lembrar, cultura de inovação é algo que é construído aos poucos. Ela é feita pelas pessoas. É preciso dedicar tempo, algum budget e forte trabalho de pesquisa. Se pensarmos em inovação como uma cultura, talvez não jogaremos dinheiro fora em tentativas superficiais que podem acabar por enterrar nossas empresas.
A criatividade nem tão cedo será função de robôs. Esta habilidade, considerada como fundamental para o futuro, pode e deve ser desenvolvida, desde que sejam criados ecossistemas favoráveis.
Como e onde começar a inovar.
A elaboração de espaços criativos, livres, abertos, próximos a natureza, ajudam a influenciar o ser humano neste sentido. Desde a escola, quando vemos boa parte de nossa criatividade ser “encaixotada” em modelos antigos de ensino industrial até as universidades, é preciso praticar esta mudança. Logo em seguida estas crianças se transformam nos adultos cobrados para quê? Pensar fora da caixa, claro. Mas como, se não propiciamos as ferramentas adequadas durante a formação?
Não apenas as escolas, mas as universidades em geral precisam acordar. É necessário estimular um mindset mais empreendedor, focado em soluções de problemas relevantes para o ser humano, para então boas inovações surgirem a serviço da humanidade.
Formar líderes, professores, equipes e pessoas em geral para entenderem, em primeiro lugar, que implementar uma cultura de inovação deve ser tomar a inovação como uma cultura. Estimular a criatividade através da liberdade de pensamento como as atividades de brainstorming onde não há certo nem errado, apenas ideias e suas possibilidades.
Saber valorizar os pequenos esforços é importante.
Reconhecer através de pequenos gestos ou campanhas as iniciativas trazidas pela equipe, geram a sensação de que aquele é um ambiente que valoriza e reconhece as ideias das pessoas. Quando há respeito em simplesmente ouvir uma sugestão, novos caminhos podem se abrir.
Criar momentos propícios para soluções criativas feitas em grupo, em locais além do espaço do escritório é um bom exemplo. A 3M, considerada uma das mais inovadoras empresas do mundo, dedica 15% da carga horária de seus funcionários a um “ócio criativo”.
Simplesmente começar…
Se inovar é preciso, começar é ainda mais. Quando você adota uma mindset que permite testar e arriscar coisas novas, dando tempo a maturação destas soluções, logo percebe como vale a pena investir no exercício da criatividade.
É preciso trilhar o caminho da evolução, aprendendo a adotar uma cultura aberta à inovação que seja integradora das instituições e que gere desenvolvimento para melhorar a vida das pessoas.
“Nenhum problema poderá ser resolvido com o mesmo grau de consciência que o gerou”. Eis a mensagem de Einstein para nos estimular a olhar o mundo sob novas perspectivas e ter soluções mais inovadoras quando o assunto é melhorar a vida do ser humano. Abrir a mente a essas novas ideias e caminhos é essencial. Você já tentou? Compartilhe sua experiência com a gente 😉